MOÇÃO DE APLAUSO À 1a PLENÁRIA SOBRE O PANORAMA DA LUTA DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO NA BAHIA.

Há momentos na vida em que sentimos uma necessidade irrefreável de olhar em volta e avaliar os ganhos e as perdas. Sinto uma necessidade incontrolável de agradecer a tantas contribuições de familiares e de pessoas às quais não tive como agradecer e tantas outras que pareceram ter passado despercebidas, em meio a situações, muitas vezes, turbulentas, mas que deixaram marcas importantes na minha vida e na educação e   política   baiana. 

A política em qualquer das frentes é selvagem, voraz e   desassossega, mas eu sei que sou o resultado de muitas convivências e influências. Foram centenas e mais centenas de companheiras, companheiros, artistas, escritores e políticos que me plasmaram, me educaram na militância teatral, sindical, partidária e estão comigo para sempre. Uma dessas pessoas a quem quero agradecer e aplaudir é a professora Marinalva Nunes, uma das grandes lideranças do movimento de professores APLB cuja competência e valentia eu conheci, muito cedo, no Instituto de Biologia da UFBA, quando fomos colegas.  

Na APLB, formamos uma dupla indomável. Ela oferecia uma boa dose de  agressividade, entendida, aqui,  como pulsão de vida, que foram energias complementares e muito importantes e necessárias na política, terreno selvagem de disputa de poder.  Sinto-me compelida a recuperar uma parte dessas memórias, uma fração  do que vivemos e do que vivenciaram tantos companheiros de viagem, nas grandes batalhas em defesa dos professores e da educação. Recuperar algumas memórias, muitas dessas afetivas e até traumáticas, das lutas dos professores em torno da APLB, entre 1978 e 1989, foi uma tarefa que me impus para que não perdêssemos as ricas experiências e percursos dos professores baianos na reconstrução da sua entidade de classe. O trabalho de base, a criação de zonais, a eleição de representantes por escolas, os estudos econômicos, frequentemente atualizados, nos quais eu e depois Marinalva Nunes nos especializamos, e a busca de apoio entre alunos, pais, comunidades de bairros e entre religiosos. Destacaram-se, ainda,  a criação do Movimento Anísio Teixeira em Defesa da Escola Pública, o Tribunal Anísio Teixeira, que julgava os crimes contra a educação; a   realização da Marcha Anísio Teixeira, que reuniu 25 mil professores, alunos, pais e líderes comunitários de toda a Bahia, que marcharam sobre Salvador. Atuamos fortemente nas Constituições Federais de 1988 e   na Constituinte Estadual de 1989 – para esta, colhemos um milhão de assinaturas em defesa dos capítulos da Educação e do Negro. E logramos compor a capa da obra que contém a Iconografia da Constituinte Estadual da Bahia.

  A Professora Marinalva me   lembrou, recentemente,  que o piso salarial para o magistério nasceu   na Bahia, bem como as propostas de Fundos de financiamento para a educação, inspiradas em Anísio Teixeira. Precisamos compreender como uma entidade, fundada em 1952,  saiu de um quadro de associados de 1.800 sócios em 1985, quando nós assumimos, para   48.000 sócios, quando deixamos a presidência e Marinalva na Vice -presidência da entidade, em 1990. Além de ser um processo terapêutico, achei que valeria a pena a (RE) construção de alguns sentidos; quero fazer da minha e das nossas   histórias umas    histórias abertas às modificações.Eu quero enxergar aqueles momentos como a minha, a nossa infância e juventude política, viril e desassombrada que, por exemplo, ao ser (RE)  memorados abram a possibilidade de abrir caminhos aos jovens que vêm depois de nós.

Para a (RE) reconstrução, atualização de estratégias, mais de acordo com os novos cenários políticos e assim dar continuidade às lutas do magistério público do estado da Bahia, em novas bases, com novos interlocutores. E dessa vez, mais preparados (as), refutaremos, com vigor e conhecimento experimentado, as perigosas estratégias diversionistas para nos dividir para reinar.    Parabéns aos jovens destemidos que se integram na luta, bem acompanhados, pela Associação Classista de Educação e Esporte -ACEB!   

Parabéns, a estimada amiga e parceira Marinalva Nunes -Presidente da ACEB, – pela continuidade das   lutas pela educação e em defesa dos trabalhadores em educação!       

Artigo da professora Maria José Rocha Lima (Zezé) publicado originalmente no site ww.planautoempauta.com.brMaria José Rocha Lima é mestre e doutora em educação e psicanálise. Foi deputada de 1991 a 1999. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. Diretora administrativa da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Psicanálise – ABEPP. Filiada à Soroptimist International SI Brasília Sudoeste.

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