O governador Rui Costa (PT) anunciou, nesta quinta-feira, 30, que os planos para a retomada presencial das aulas 100% presenciais foram adiados devido ao aumento no número de casos de Covid-19 no estado. A ideia era que o retorno acontecesse no mês de outubro. Com a decisão, a Secretária de Educação do Estado informou que não há uma data para a transição do ensino híbrido ao presencial. “Os números vinham caindo. Caíram até dois mil casos diários. Eu já tinha acionado a Secretaria da Educação para iniciar, em outubro, as aulas 100% presenciais. Mas infelizmente, para nossa surpresa e tristeza, os números subiram bastante. Em 10 dias, subiram de 2 mil para 2.700 casos ativos, o que fez com que a gente desse um freio nesse processo de liberação e vamos aguardar o que vai acontecer nos próximos dias”, disse Rui em entrevista à Rede Bahia.Rui Costa ainda sinalizou que todos os processos de reabertura estão sendo avaliados de acordo com o cenário epidemiológico do estado a fim de encontrar o melhor momento para a retomada.”O número de ontem já sinalizou uma queda e se na próxima semana, os números voltarem ao que estava antes [2000], e em queda, aí sim, a gente volta a planejar o retorno das aulas 100% presenciais e outras atividades, que também deverá incluir o retorno do público aos estádios de futebol”, endossou o governador.Coordenador-Geral da APLB Sindicato, Rui Oliveira classificou a decisão do governador como “acertada” e afirmou que o estado não oferece condições para o retorno das aulas 100% presenciais. “O governo fez uma avaliação científica e tomou uma decisão acertada. é inadmissível coloca 100% dos alunos dentro de uma sala de aula em um estado onde a Covid não acabou, com índice de contaminação grande e com tendência de subir, com aglomeração nas ruas, nas praias, ônibus lotados. Nada mais natural do que ter bom senso e esperamos que o bom senso se mantenha”, pontuou. “O nosso posicionamento é esse, lutamos em defesa da vida. Tudo que compromete a vida somos contra. Devemos seguir a recomendação da OMS de não aglomerar, a Covid não acabou. Se você colocar 100% dos alunos em sala, vai ter aglomeração”, completou Rui Oliveira. De acordo com o Coordenador do Laboratório de Virologia do Instituto de Ciência da Saúde da Universidade Federal da Bahia, Gúbio Soares Campos, é necessário um maior número de pessoas vacinadas no estado para se pensar em um retorno 100% presencial.“Ainda falta vacinar bastante pessoas, adolescentes, grande parte da população não tomou ainda a segunda dose, então os riscos continuam. A variante Delta está circulando no estado da Bahia, em Salvador, identificamos casos e informamos à Secretaria Municipal de Saúde de Salvador.”, avaliou o pesquisador. Gúbio afirmou que, caso fizesse parte do governo, avaliaria retomar as aulas 100% presenciais no ano de 2022 em um cenário em que 80% a 90% da população estivesse imunizada. “Se eu fosse o governo, deixaria para retornar [as aulas 100% presenciais] no ano que vem, com o maior número de pessoas vacinadas, algo em torno de 80% a 90% da população imunizada, principalmente os adolescentes, pessoas da terceira idade ter tomado a terceira dose. Precisamos de um maior número de pessoas vacinadas.”, concluiu. Para o médico infectologista do Hospital Aliança, Adriano Silva de Oliveira, o retorno das aulas presenciais com segurança foi apregoado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas o estado da Bahia, de acordo com o médico, preferiu dar prioridade à abertura de outros setores, como o comércio. A avaliação do infectologista é que houve uma “inversão de prioridades”.“Em outubro do ano passado, com algum atraso, a Organização Mundial da Saúde lançou um documento orientando os governos do mundo inteiro priorizar a reabertura de escolas a qualquer outro equipamento. Infelizmente no Brasil prioriza-se a abertura de restaurantes, de estádios, de equipamentos de diversão e nós ficamos aí mais de um ano, muito mais de um ano, sem aulas presenciais.”, lamentou. “É uma inversão de prioridades, um absurdo. Eu, como infectologista, vou pensar: o aumento da presença do vírus na comunidade leva, sim, ao desejo de preservação de vidas e fechamento de equipamentos, seja eles quais forem. Mas eu fico me perguntando, por que a escola é tão demonizada assim? [A escola é] Um ambiente muito mais controlado do que qualquer restaurante, do que qualquer bar lotado que a gente vê por aí fora. Eu deixo esse questionamento no ar”
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