Quem é e o que pensa Carlos Nadalim, o novo secretário de Alfabetização do MEC?

Uma das primeiras medidas do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, foi criar uma Secretaria de Alfabetização. A decisão é compreensível diante dos enormes desafios do País, como vencer o analfabetismo entre adultos, que atinge 11,8 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais, segundo dados do IBGE. O que causou surpresa foi o nome escolhido para comandar a subpasta: Carlos Francisco de Paula Nadalim.

Não o conhece? Carlos Nadalim, de fato, é pouco conhecido. Suas obras não aparecem nos currículos de formação docente, ele não é autor de pesquisa científica, tampouco participou dos debates que influenciaram a gestão pública nas últimas décadas. Suas ideias, porém, circulam na internet desde 2013, quando ele criou o blog Como Educar seu Filhos, e agradam aos entusiastas da Educação domiciliar, os combatentes dos pensamentos de Paulo Freire e os defensores do método fônico de alfabetização. Representam, assim, uma ruptura histórica com todo o trabalho que o País vinha desenvolvendo no campo da alfabetização durante as últimas duas décadas.

Nadalim é formado em Direito pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), com especialização em Filosofia e mestrado em Educação pela mesma instituição. Ele também foi aluno do Curso Online de Filosofia ministrado por Olavo de Carvalho, e a proximidade com o seu mestre, influente figura entre os ultraconservadores que apoiam Jair Bolsonaro (PSL), o alçou a novos voos.

O secretário, coautor do curso on-line Ensine seus Filhos a Ler – Pré-Alfabetização, composto de seis módulos com duração de 12 semanas, ao valor de R$ 2.622,36, e do e-book gratuito As 5 Etapas para Alfabetizar seus Filhos em Casa – o Guia Definitivo – fala sobre a alfabetização com a propriedade de quem foi coordenador pedagógico durante oito anos da escola Mundo do Balão Mágico, em Londrina. Fundada pela mãe de Nadalim há mais de 30 anos, a instituição fica em um bairro residencial-operário rodeado de pequenas propriedades rurais. As famílias pagam cerca de 500 reais pela mensalidade, e a escola tem por volta de 150 alunos, sendo uma turma de cada série do Ensino Fundamental I, com aproximadamente 20 crianças por sala, e turmas de Educação Infantil.

É nessa escola que Nadalim tem aplicado um método fônico de alfabetização que ele mesmo desenvolveu e aprimorou. NOVA ESCOLA tentou durante o mês de janeiro visitar a instituição e conversar com a direção pedagógica para conhecer de perto o funcionamento do método, mas sem sucesso. Os pedidos de entrevista feitos à assessoria de imprensa do MEC e por mensagem de texto para o telefone pessoal de Carlos também não foram atendidos. Se na escola não foi possível atestar as ideias de Nadalim, na internet há farto material a ser explorado.

Leia a matéria completa neste link.