Ainda em meio às comemorações pelos 470 anos de fundação, a Cidade da Música pela Unesco vai utilizar a vocação rítmica para reforçar ainda mais o aprendizado nas escolas municipais. Salvador passa a ter o projeto “Música na Escola”, desenvolvido pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Smed). O lançamento da iniciativa foi realizado na última sexta-feira (12), no Parque na Cidade, pelo prefeito ACM Neto e pelo secretário da Smed, Bruno Barral, dentre outras autoridades municipais e grupos de escolas da rede municipal de ensino.
A animação foi tão grande que o próprio prefeito assistiu as apresentações musicais ao lado dos estudantes. Ele salientou que a iniciativa é muito importante por aliar a música, que é um dos principais elementos da cultura e do povo da cidade, com a educação.
“É uma forma muito fácil de ensinar História, Matemática, Português e Ciências, conseguindo transmitir esse conteúdo, que pode ser um pouquinho maçante, de forma lúdica. Além disso, é um convite para as crianças apreciarem cada vez mais a música”, afirmou ACM Neto.
Produzida em parceria com a Associação Pracatum Ação Social (APAS), a ação integra o Programa Nossa Rede, que, entre outras iniciativas, é responsável pela construção dos cadernos pedagógicos, elaborados com a participação dos professores.
Produção – Para o “Música na Escola” foram criadas músicas inéditas ou adaptadas do cancioneiro popular com relação direta com as sequências didáticas dos cadernos pedagógicos de Língua Portuguesa e Matemática, do 1º ao 5º ano, do Programa Nossa Rede. “É um projeto construído especificamente para nossas escolas municipais e que leva para a sala de aula mais um recurso de apoio à aprendizagem. A música é um instrumento forte na memorização e compreensão de conteúdos, ao mesmo tempo que torna a aula mais dinâmica”, explicou o secretário municipal da Educação, Bruno Barral.
Um exemplo do trabalho desenvolvido é a música “Rótulo Colado”, criada para a sequência didática “Valor nutricional dos alimentos”, que trabalha comparação de medidas do sistema métrico decimal, uso da proporcionalidade, interpretação de informações organizadas em tabelas de valor nutricional. Gravada pela artista Katê, a música será trabalhada com os alunos do 5º ano do Ensino Fundamental (Anos Iniciais).
Para construir as músicas, a Pracatum montou uma equipe multidisciplinar composta por arte-educadores, pedagogos e músicos. O trabalho foi realizado em articulação com o Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep) e acompanhado pela Diretoria Pedagógica (Dipe) da Smed. A criação envolveu pesquisa de ritmos, a associação com os temas tratados, bem como a produção de uma série de sugestões pedagógicas para serem trabalhadas em sala de aula. “São músicas que trazem elementos pedagógicos, que têm um arranjo e sonoridade de músicas baianas e, especificamente, do universo de Salvador”, afirma a diretora pedagógica da Smed, Joelice Braga.
No total, são 60 músicas: doze para cada ano do Ensino Fundamental I. Participaram das gravações 65 músicos baianos: Adelmo Casé, Alexandre Leão, Aloísio Menezes, Amanda Santiago, Arnaldo Antunes, Banda De Boca, Betho Wilson, Buk Jones, Bule Bule e Roberto Mendes, Capitão Corisco, Carla Cristina, Carla Lis Banda Didá, Carla Visi, Carlinhos Marques, Claudia Cunha, Claudia Leite, Daniela Mercury, Danny Nascimento, Dão, Deco Simões e Karina De Faria, Denny Denan, Edu Casanova, Felipe Escandurras, Flávio Renegado, Gerônimo, Gilberto Gil, Gilmelândia, Jackson Costa e Vanessa Borges, Janaína Carvalho E Sandra Simões, João Sereno, Ju Moraes, Juliana Ribeiro, Katê, Kekedy, Larissa Luz, Lazzo Matumbi, Levi Lima, Lucas Di Fiori, Luiz Caldas, Magary Lord, Márcia Freire, Márcia Short, Márcio Vitor, Margareth Menezes E Menino Sinho, Mari Antunes, Middah Borges, Nadjane Souza, Pierre Onassis, Raimundo Sodré, Ray Gouveia, Reinaldo Nascimento, Ricardo Chaves, Robson Morais, Sarajane, Saulo Fernandes e Ana Clara, Shido, Tito Bahiense, Tonho Matéria e Vina Calmon.
Outro detalhe do projeto é um material descritivo de ritmos pesquisados e utilizados na construção das músicas. Em “O ás vale 1”, gravada por Ricardo Chaves e que compõe uma das sequências didáticas do 2º ano, foram utilizados os ritmos tucaia com galope e sambaê, ambos originários do samba duro, surgidos nos anos 90. “Todo esse material é muito interessante, porque auxilia na produção do conhecimento, atua nas competências cognitivas e habilidades dos alunos, de maneira criativa. Utilizamos um método que se baseia na cultura popular e afro-baiana. Isso é um diferencial”, explica a diretora-executiva da Pracatum, Selma Calabrich.
Nossa Rede – O programa Nossa Rede, lançado em 2015, é uma ação da Prefeitura que visa melhorar a qualidade da educação pública municipal e tem por objetivos a elaboração das novas diretrizes curriculares da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. O processo de criação contou com o apoio de parceiros como a Avante, Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (ICEP) e a Pracatum.
O modo como o Nossa Rede foi construído é pioneiro na educação pública brasileira. Com foco na participação e criação colaborativa, o novo material pedagógico foi elaborado dentro de uma visão de respeito aos valores das identidades culturais de Salvador e suas peculiaridades.
Para a construção do projeto, mais de quatro mil professores participaram dos Grupos de Trabalho realizados nas dez Gerências Regionais, e os demais colaboraram via Grupos de Trabalhos Regionais ou através de uma Plataforma Virtual.
Publicado originalmente no site www.educacao.salvador.ba.gov.br