Prefeitura de Salvador sanciona lei que muda nome da principal avenida de Ondina

Na última terça-feira (22), a antiga avenida Adhemar de Barros, a principal do bairro de Ondina, ganhou um novo nome em homenagem à figura histórica do geógrafo baiano Milton Santos, um dos grandes intelectuais do século XX. O Projeto de Lei nº 97/2021, apresentado pelo vereador Augusto Vasconcelos (PC do B), foi aprovado no plenário da Câmara Municipal de Salvador no dia 15 de fevereiro durante Sessão Extraordinária. Apesar de ter sido professor da Universidade Federal da Bahia (a avenida é o endereço do maior campus da instituição) e de ter uma história vinculada ao estado, Milton Santos nunca tinha recebido o devido reconhecimento do seu nome em logradouros públicos. Por esta razão, muitos soteropolitanos se mobilizaram e construíram um abaixo-assinado virtual em apoio ao projeto que virou lei. Adhemar de Barros foi um médico e político paulista.”Aplaudimos a iniciativa do vereador augusto Vasconcelos e a todos os que apoiaram diretamente o pleito.

Justa é essa homenagem ao grande Milton Santos”, declarou a presidente da ACEB, Marinalva Nunes. Conheça o homenageadoMilton Santos ficou conhecido internacionalmente por seus estudos sobre a urbanização e a geopolítica em países pobres,os quais lhe concederam o prêmio Vautrin Lud, considerado o “Nobel da Geografia”, sendo o primeiro latino-americano a receber a distinção. Nascido no interior da Bahia, em Brotas de Macaúbas, Milton era filho e neto de professores com quem aprendeu a falar francês. Aos 10 anos, já morando na capital baiana, Santos se interessou por Geografia através de um de seus professores, Oswaldo Imbassahy, e ainda com 15 anos começou a lecionar na área. Formado em direto pela UFBA, nunca chegou a exercer a profissão, já que em seguida resolveu mudar-se para Ilhéus, onde foi professor de Geografia no ginásio do colégio municipal. Durante muitos anos, foi correspondente do Jornal A Tarde, até ser convidado para fazer doutorado na França, onde escreveu uma tese sobre o centro da capital baiana.

Após concluir os estudos na Europa, o geógrafo retornou a Salvador e fundou o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais da UFBA, da qual se tornou livre docente em Geografia Humana. Ingressou no estado como subchefe da casa civil a convite do então presidente Jânio Quadros, mas foi interrompido pelo golpe militar. Passou 13 anos em exílio pesquisando processos e as estruturas de urbanização das cidades em países menos desenvolvidos. O grande teórico faleceu em 24 de junho de 2001, com 75 anos, vítima de um câncer, deixando para as futuras gerações suas pesquisas e teorias sobre os impactos da globalização como divisora do mundo, causando o que ele nomeava de “globalização como perversidade”.