Odontologia em tempos de Covid-19

Desde sempre a Odontologia convive e enfrenta inimigos invisíveis. Cirurgiões dentistas e sua equipe estão sempre a postos nesta batalha, diariamente, em seus consultórios. Diferente de médicos, inclusive, os Cirurgiões Dentistas então sempre portando seus EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). Já faz parte da sua rotina.

Mas, confesse, você dificilmente entrou num consultório odontológico pensando em Hepatite B, uma grave doença infectocontagiosa que mata com enorme velocidade e que pode ser transmitida por contaminação em um consultório.

Outras doenças estão no espectro de cuidados adotados num consultório odontológico, como é o caso de uma simples gripe até o HIV (vírus responsável pela AIDS, que é transmitido por via sanguínea).

Não fossem tais cuidados, certamente haveria um considerável aumento no número de infectados, incluindo aí, pacientes, dentistas, equipe de apoio e, até mesmo, quem tiver contatos indiretos, como os protéticos.

Os dentistas e atendentes são treinados a se proteger para garantir a segurança dos pacientes, suprimindo o elo entre bactérias/vírus e seus pacientes. O Coronavirus é mais um vírus que está neste catálogo de agentes causadores de infecções cruzadas.

Então, por que neste caso exatamente, do SARS-COV 2, os consultórios odontológicos tiveram que suspender quase todos os seus atendimentos e redobrar seus cuidados quando necessários?

O Coronavirus pertence à família do vírus COV. Boa parte dos vírus desta família já circulam pelo Brasil e pelo mundo causando gripes, SARS e MERS. Já o SARS-COV 2 ou Coronavírus que provoca a doença covid-19 é um agente novo. Sendo assim, ele também é novo e desconhecido do nosso sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo contra os invasores, para que possamos reagir à doença e, finalmente, vencê-la. Como também é desconhecido da ciência, que contribui nessa luta contra os invasores, oferecendo prevenção, medicamentos e vacinas.

O que se sabe até o momento da Covid-19 é muito incipiente. O que se sabe até agora é que, primeiro, é um vírus que além de matar por si só serve de gatilho para outras doenças matarem, a chamada comorbidade. Então, doenças como diabetes, pressão alta, cardiopatias etc, são um fator que aumenta a chance da covid-19 matar.

Segundo, é de muito fácil contágio. O distanciamento social, o uso de máscaras, a higiene das mãos com sabão ou álcool a 70%, de forma correta, são atitudes indispensáveis para conter o avanço da doença. Vale fazer um apelo. As pessoas contaminadas, em sua maioria, não irão morrer, mas sem obedecer às medidas preventivas irá levar outras pessoas à morte. Podem ser os pais, avós, sobrinhos, filhos e amigos. Ninguém está livre.

Terceiro, o sistema de saúde de quase todo no mundo é incapaz de dar suporte ao atendimento do número de infectados, que variam de um quadro leve, passando para um quadro mais avançado. Neste estágio, vai precisar de atendimento hospitalar, até a necessidade de ser levado a uma UTI e o dramático uso de um respirador, o que debilita a quem sobrevive, por dias ou meses.

Estão aí, portanto, as principais razões para a suspensão ou limitação do atendimento odontológico. Infelizmente para a economia do país o distanciamento social e a diminuição das aglomerações é a única forma de preservar vidas, o único remédio conhecido. O mundo inteiro passa por isso, não é uma invencionice brasileira.

Para quem não pode deixar de trabalhar, que é o caso da área de saúde, a outra solução é redobrar os cuidados e este é o caso do consultório odontológico. Consequentemente, precisamos elevar os cuidados no atendimento. A proteção por EPIs, que já comum, precisa ser reforçada, devemos marcar as consultas com horários espaçados para evitar aglomerações nos consultórios e os pacientes devem usar suas máscaras, antes e depois da consulta, além de garantir a higiene das mãos.

Só assim venceremos a Covid 19. Agindo juntos voltaremos o mais rápido possível e seguros a uma nova normalidade, ricos em cuidados com a saúde, amando e preservando a nossa dádiva de viver em plenitude. Por fim, amo esta cidade que tem um povo que me acolheu sempre com muito amor e carinho. Saudades dos amigos e amigas.

Autor: Alex Sander Pinto de Andrade, cirurgião Dentista, especialista em implante e prótese.

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