Fernando Alcoforado apresenta seu 14º livro aos sócios da ACEB

Resultado de muitos anos de pesquisas e estudos baseados em um diálogo entre diferentes áreas do conhecimento, tais como história, economia, sociologia, filosofia e estatística, entre outras, o livro “Como inventar o futuro para mudar o mundo?”, 14º título de Fernando Alcoforado, foi o foco de uma apresentação que o próprio autor fez aos sócios da Associação Classista de Educação e Esporte da Bahia (ACEB) na tarde da última quarta-feira, 17, na sede da Associação dos Funcionários Públicos do Estado da Bahia (AFPEB). Na mesa, ao lado do presidente da AFPEB, Carlos Kruschewsky, e da Presidente da ACEB, Marinalva Nunes, o autor surpreendeu os participantes com algumas das ideias “revolucionárias” propostas na obra. Além de abordar o previsível fim do capitalismo como sistema econômico dominante, outros dois destaques da palestra (e do livro) foram a degradação ambiental, com o esgotamento dos recursos naturais do planeta Terra e a mudança climática catastrófica “anunciada” e a escalada dos conflitos internacionais, com a ameaça de uma nova guerra mundial.

Antes de apresentar as proposições para esses problemas defendidas no livro publicado pela Editora CRV de Curitiba/ Paraná, Alcoforado falou brevemente sobre sua trajetória de lutas (comentou, inclusive, que foi preso político durante a ditadura militar da década de 1960) e de sua atuação como professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Além disso, o engenheiro discorreu sobre o cenário de crise econômica e social vivenciado não só no Brasil, mas em grande parte do mundo, sinal de que “o capitalismo vai de mal a pior e de que o sistema está fadado ao fracasso”.

Para fazer afirmações como essa, o autor se baseou em estatísticas oficiais e previsões que apontam, por exemplo, que no ano de 2059 o PIB mundial será igual a zero. “Que capitalista vai querer investir em qualquer negócio que não traga lucro?“, indagou o professor, acrescentando que, na tentativa de evitar o colapso do sistema, diversas ações têm sido adotadas ao redor do mundo, a exemplo do desenvolvimento de robôs que, ao substituírem a mão de obra humana, geram o desemprego e/ou condições precárias de empregabilidade; das reformas estruturantes que desvalorizam a mão de obra (como as reformas trabalhistas marcadas pela perda de direitos por parte dos trabalhadores); do enfraquecimento sindical, entre outros. “Vale destacar que o aumento do desemprego em todo o mundo aumenta os índices de criminalidade. Sem investimentos adequados em educação, a situação só piora”, frisou o autor.

Alcoforado destacou que, na contramão dessa tendência global, estão os países escandinavos, onde a Social Democracia conseguiu levar Governos, Empresas e Sociedade a agirem de modo convergente em defesa de uma sociedade mais justa e próspera. O resultado disso é que naquela região vivem os povos mais felizes do mundo, conforme revelam diversas pesquisas”, destacou o autor ao comentar que a adoção da social democracia aos moldes dos países escandinavos pode ser uma das soluções para os problemas mundiais discutidos em sua obra.

Proposições radicais

Ao propor a reestruturação do sistema econômico pós-capitalista nas esferas nacional e mundial visando o progresso econômico e social, bem como do sistema ambiental, para evitar o esgotamento dos recursos naturais do planeta Terra e a mudança climática catastrófica global visando a sustentabilidade ambiental; e do sistema internacional, para assegurar a convivência pacífica entre as nações e os povos, isto é, a conquista da paz mundial, o autor faz proposições radicais, tais como a implantação de um Governo Mundial. “No lugar na atual ONU enfraquecida, devemos ter um Poder Executivo Mundial”, defende Fernando Alcoforado.

Para alcançar a sustentabilidade ambiental que o Planeta precisa, o autor defende a redução drástica da emissão de gases do efeito estufa, o que implica em redução dos desmatamentos e controles mais rígidos da ação produtiva (destrutiva) humana. “A temperatura do planeta hoje varia em torno de 15 graus. Se nada for feito, até 2100 chegaremos aos 19 graus, fato que representaria o desaparecimento de diversas cidades litorâneas pelo mundo, entre diversas outras consequências absurdas. Se forem adotadas medidas de controle, chegaremos lá com uma temperatura de pouco mais de 16 graus”, comentou Alcoforado.

O autor destacou, ainda, algumas ameaças ao desenvolvimento do Brasil que marcam o atual momento histórico da nação: “as condições sociais estão piorando, o atraso econômico se intensificando e a soberania nacional está comprometida”, frisou. Para Alcoforado, para impedir “retrocessos”, a sociedade civil precisa se unir, assim como a força sindical e de oposição ao “fascismo”. “Os brasileiros devem se unir mais do que nunca em defesa da garantia dos direitos que estão sendo reduzidos ou aniquilados pelo atual Governo”, concluiu.

Após a apresentação de Fernando Alcoforado, enquanto a presidente da ACEB, Marinalva Nunes, parabenizava o autor pelo livro e pela brilhante apresentação, foi surpreendida por homenagens – flores, bolo, abraços, palavras de carinho e apreço, de acebianos, familiares e membros da Fetrab e da AFPEB presentes no encontro, realizado, coincidentemente, no dia do aniversário da acebiana.