Quantas vezes, no último ano, você se espantou depois de ir ao mercado ou à padaria para comprar algo rápido e ter saído de lá gastando quase (ou mais que) R$ 100? Não foi um susto isolado. Os preços estão mais altos sim, acentuados pela pandemia, e comprovados pelos números.
Na última atualização divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta do IPCA dos últimos 12 meses em Salvador e Região Metropolitana (RMS) foi de 5,03%. O índice em fevereiro ficou acima da média nacional e foi o 7º mais alto dentro das 16 áreas avaliadas.
O IPCA, que é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é chamado de inflação oficial. Ele mede a variação dos preços ao consumidor final com base em uma cesta de produtos. Em Salvador e RMS, as maiores altas em fevereiro foram na educação (muito por causa do reajuste das escolas nesse período) e nos combustíveis (com os aumentos em série no preço da gasolina).
Mas a variação também tem sido muito sentida em mercados e outros serviços. E não somente com o aumento do preço final. Em alguns casos, a inflação acaba reduzindo o tamanho dos produtos. O preço é mantido, mas algo que antes tinha 50g passa a ter 35g ou 40g.
Basta olhar as informações nas embalagens para perceber essas modificações. E isso explica que o que antes durava 15 dias em sua casa, passou a acabar em uma semana. Não foi o consumo que aumentou, mas o produto que diminuiu.
Maiores altas de preço em 2021 em Salvador e RMS
Inflação acumulada no ano | Inflação em fevereiro | |
Cebola | 58,29% | 22,22% |
Manga | 19,64% | 13,55% |
Etanol | 14,51% | 13,10% |
Pré-escola | 13,55% | 11,79% |
Gasolina | 11,94% | 9,80% |
Ensino Fundamental | 11,79% | 7,37% |
Fonte: IBGE
Hora do malabarismo
Com o aumento constante dos preços desde o ano passado, não resta muita alternativa senão fazer algumas manobras para minimizar os impactos dos preços. O planejador financeiro, Raphael Carneiro, explica que uma saída bem comum é a de substituir os produtos. Em alguns casos, como nas questões de necessidade básica, não há muito o que fazer, mas alguns cenários permitem essas mudanças.
“No caso das carnes, por exemplo, a alta vem sendo sentida há algum tempo. O que tem acontecido? A substituição pelos ovos de galinha. O problema é que, com o aumento da procura pelos ovos de galinha, a tendência é que o preço deles subam também. Maior procura, maior o valor cobrado. E o processo vai sendo repetido a cada troca que os consumidores fazem”, explica Raphael.
Segundo ele, existem alguns meios que podem ser utilizados para diminuir esse impacto, principalmente nas compras do mercado. Seguem algumas dessas dicas defendidas pelo planejador financeiro:
- Fazer o mercado mensal: ao se organizar para comprar os produtos de vez, evita-se o desperdício e permite a ida aos mercados maiores, que possuem preços menos assustadores. No dia a dia ficam apenas as compras de urgência;
- Comprar frutas e verduras nas feiras;
- Evitar ir ao mercado com fome: pode parecer besteira, mas faz diferença. Quanto maior a fome ao fazer as compras, mais você enche o carrinho sem necessidade;
- Produtos similares: o preço de algo que quer está muito alto? Procura um similar. Isso naquelas áreas onde a mudança não terá um grande efeito negativo no uso. É melhor diminuir a qualidade para manter as contas em dia;
- Produtos maiores: nos itens que não são perecíveis, uma boa estratégia é comprar os produtos maiores. Normalmente são os produtos de limpeza como detergente, sabão líquido, amaciante e água sanitária, por exemplo, que dão as opções usuais, mas também as maiores de 5kg ou 10kg. Nas maiores há um custo-benefício melhor;
- Promoção com moderação: uma boa promoção é sempre atrativa, mas é preciso aproveitar com moderação. Não adianta comprar 10kg de arroz se metade vai estragar no armário. Quando tiver promoção, aproveita para comprar uma quantidade maior e aproveitar o preço, mas com cuidado para não jogar dinheiro fora.
“Essas são algumas medidas que podem ser feitas para evitar o impacto da inflação no bolso de cada um. Economizar é importante, mas é preciso ser feito com inteligência. A economia só vale a pena quando não gera problema”, conclui Raphael.
Publicado originalmente no site: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2021/03/26/com-mais-de-5percent-de-inflacao-em-salvador-e-regiao-em-um-ano-veja-dicas-para-minimizar-efeitos-na-hora-de-ir-ao-mercado.ghtml