Cientista é aplaudida de pé em Wimbledon

Maria José Rocha Lima*

A cientista Sarah Gilbert, professora da Universidade de Oxford e uma das criadoras da vacina de Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19, recebeu uma bela homenagem, durante a abertura do torneio de Wimbledon, na última segunda feira. Os espectadores homenagearam a cientista, aplaudindo-a de pé, antes do início dos jogos no torneio de tênis em Londres.


A Dama Sarah Gilbert foi ovacionada, no Reino Unido, por ser uma cientista! Talvez tenha sido a primeira mulher a merecer tamanho reconhecimento, num estádio de esportes.
Sarah Gilbert, que estava sentada no camarote real, foi premiada com o título de dama real durante as comemorações do aniversário da rainha Elizabeth, no início deste mês.


Esperamos que os tempos estejam mudando e que Sarah Gilbert receba prêmios de reconhecimentos, nas hostes das academias científicas, mundo particular, muito pouco frequentado por mulheres.
 Por que tão poucas mulheres ganharam o Prêmio Nobel? Apenas 58 cientistas mulheres foram premiadas no intervalo entre 1901-2020 em um total de 950 laureados, dentre os quais 27 são organizações. Marie Curie, uma das mulheres dessa acanhada lista, acumula duas premiações (em 1903, prêmio de Física, e em 1911, prêmio em Química). Dessa forma, o número real de mulheres agraciadas é 57.

O Prêmio Nobel é um conjunto de seis prêmios internacionais anuais concedidos em várias categorias por instituições suecas e norueguesas, para reconhecer pessoas ou instituições que realizaram pesquisas, descobertas ou contribuições notáveis para a humanidade. O Prêmio Nobel é considerado o mais prestigiado prêmio nas áreas de literatura, medicina, física, química, economia e ativismo pela paz.


 Marie Curie, Madre Teresa e Malala estão entre os 6,1% de mulheres premiadas com o Nobel desde 1901.
Nessa última edição do prêmio, as mulheres contempladas foram Andrea Ghez (ganhou o Nobel na área de Física, pelas suas contribuições à descoberta da existência de um objeto supermassivo no centro da nossa galáxia), Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna (receberam a honraria pela descoberta de um novo método de edição de genomas em bactérias, que pode ser utilizado como poderosa ferramenta para edição de genomas).
Na categoria Paz, a organização Programa Alimentar Mundial da ONU recebeu o Nobel, pelos préstimos no combate à fome.


O Prêmio Nobel da Paz é o que tem sido mais generoso com as mulheres: 15,9% dos vencedores são mulheres, seguido de Literatura, com 12,9%. Na Física há apenas 1,9% de mulheres, 3,8% na Química, na Medicina 5,4% e na Economia 2,4%. E essa situação desigual se repete com os comitês de seleção. Embora a Suécia e a Noruega (que concede o Prêmio Nobel da Paz) se orgulhem por serem defensoras da igualdade de gênero, nos comitês do Nobel as mulheres representam apenas um quarto dos membros.  


Analisando a evolução dessa premiação às mulheres, observa-se uma tímida evolução, muito aquém das suas presenças, inclusive na área social, na qual as mulheres se destacam e ainda assim continuam sub-representadas nas premiações pela defesa de causas tão nobres!

Maria José Rocha Lima é mestre e doutoranda em educação. Foi deputada de 1991 a 1999. Presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. Psicanalista e dirigente da ABEPP. Membro da Organização Internacional Clube Soroptimista Internacional Brasilia Sudoeste. 

Publicado originalmente no site: Planalto em Pauta