Ainda há preconceito no mercado de trabalho com quem faz EaD?

Segundo um estudo realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), em 2023 mais alunos se matricularão em cursos da modalidade de Educação a Distância (EaD) do que nos presenciais.

Além disso, o Censo da Educação Superior 2016, desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), mostrou que a taxa nas matrículas na graduação EaD naquele ano aumentou em 7,2%. Enquanto os cursos presenciais sofreram queda de 0,08%.

Isso mostra que cada vez mais egressos da Educação a Distância ingressam no mercado de trabalho, mas será que ele está apto e aberto para receber essas pessoas?

Para André Ferragut, gerente de recrutamento da Hays, apesar de algumas ressalvas, graduandos dessa modalidade são muito mais aceitos do que há alguns anos.

“Para alguns segmentos ainda há algumas ressalvas, ainda há uma pequena dose de desconfiança em relação aos cursos a distância, mas essa dose de desconfiança tem muito mais a ver com desconhecimento sobre o quanto que o curso a distância exige também do aluno, do que especificamente uma desconfiança geral. Eu diria que existe uma visão muito mais otimista do que de anos atrás”, reforça André.

Para Nathalia Lopes, recrutadora da Quero Educação, o EaD passa ainda pelo processo de aceitação assim como aconteceu com os cursos tecnólogos. “Eu acho que é meio o que o tecnólogo era há muito tempo atrás, em que muita gente tinha preconceito com esse tipo de graduação e agora não tem mais. Acredito que está bem mais disseminado na cabeça das empresas, porque foge um pouco da graduação tradicional, mesmo que algumas demorem mais tempo para se atualizar”, acredita.

Além disso, Nathalia também reforça que a experiência do candidato na área desejada é muito mais importante do que saber qual foi a modalidade de ensino escolhida.

Vantagens de fazer EaD

Para ambos os recrutadores, uma verdade é máxima: essa modalidade faz com que os candidatos desenvolvam características que são muito necessárias no mercado de trabalho atualmente, entre elas, independência, organização, iniciativa, gestão de tempo e foco.

Isso acontece porque no EaD é preciso que o aluno seja totalmente responsável pelo seu desempenho, já que, na maioria do tempo, não terá o acompanhamento direto de professores e colegas de classe.

“Ele precisa desenvolver essas características de comportamento para poder chegar ao final da graduação. Uma vez concluído esse curso, o mercado de trabalho hoje já valoriza o egresso do EaD por entender que essa pessoa tem algumas características que estudantes do ensino presencial não apresentam, necessariamente”, evidencia George Bento Catunda, membro da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed).

Ao escolher um curso a distância, Nicole Oliveira, 20, que está no último ano de Marketing, na Universidade Anhembi Morumbi (UAM), não imaginava que desenvolveria essas competências. “O curso EaD me fez desenvolver meu lado disciplinado, organizado, focado e proativo. Para você ser um bom aluno de educação a distância você precisa ter esses 4 pontos super alinhados, pensei no começo que eu não conseguiria, mas agora, tiro de letra e consigo dar 100% de mim nas aulas, atividades e provas”, conta a jovem.

Além disso, graduandos nessa modalidade têm, na maioria dos cursos, um resultado melhor no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) do que graduandos em cursos presenciais. Na edição de 2007, das 13 áreas avaliadas, em sete os alunos de graduação EaD tiveram um resultado melhor do que os demais.

Publicado originalmente no site Canal do Ensino