ACEB presta homenagens ao acebiano Joelito de Oliveira Rezende (in memorian)

O acebiano Joelito de Oliveira Rezende (in memorian) concedeu uma entrevista exclusiva para a ACEB em setembro do ano passado. Infelizmente, nosso companheiro não resistiu às complicações do Covid-19 e nos deixou na última quarta-feira (16). O que nos conforta é que seu legado permanecerá para sempre. Nos solidarizamos com familiares e demais amigos. E, para honrá-lo mais uma vez, decidimos republicar a entrevista neste dia em que nosso coração se entristece por sua partida. Confira:

1.O que te motivou a se associar à ACEB?Associei-me com o desejo de debater assuntos relevantes relacionado à Educação, especialmente com a formação/capacitação de trabalhadores! Sou um profissional ligado ao ensino, à pesquisa e à extensão desde 1965, quando ingressei na Escola Agronômica da Bahia (EAB), como estudante de Agronomia. Após a colação de grau, em 1968, exerci a função de professor/pesquisador durante 44 anos em instituições federais de ensino superior e pesquisa (aposentaram-me compulsoriamente em 2013, aos 70 anos de idade). Sinceramente, como associado da ACEB, desejo ajudar naquilo que estiver ao meu alcance, e… aprender.

2.Quem é Joelito?Natural de Aracaju, Sergipe, nascido em 27 de fevereiro de 1943, segundo filho (de um total de seis) do casal José vieira de Rezende e Maria de Oliveira Rezende, 49 anos de casado com Edleuza Ribeiro Peixoto Rezende, quatro filhos (três homens e uma mulher), três noras, um genro, dez netos (cinco homens e cinco mulheres). Engenheiro Agrônomo, pela UFBA; Mestre e Doutor em Solos e Nutrição de Plantas, pela Universidade de São Paulo (USP)/Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) e pós-doutorado na Universidade de Valência, Espanha; pesquisador e chefe do Setor de Solos do Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuárias do Leste (IPEAL), depois transformado na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Professor Visitante do Instituto de Agronomia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (IA-UFRRJ); Professor Titular da Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia (AGRUFBA) – depois transformada na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); primeiro Professor Emérito da UFRB; coordenador por quatro anos do Curso de Pós-Graduação em Ciências Agrárias da UFBA; diretor por quatro anos da AGRUFBA; orador e presidente da Loja Maçônica Deus e Fraternidade/Oriente de Cruz das Almas, Bahia. Homenagens recebidas: recorrentemente dos alunos; da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFBA, pelos serviços prestados especialmente à iniciação científica de alunos; do Conselho Universitário da UFRB, pelos serviços prestados durante sua trajetória docente; da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva dos Citros, pelos serviços prestados à citricultura baiana; do Governador do Estado da Bahia, pelos serviços prestados à agricultura baiana; da Câmara de Vereadores de Cruz das Almas (outorga do Título de Cidadão Cruz-Almense). Dedicado ao estudo da Física, Manejo e Conservação do Solo. Aposentado compulsoriamente em 2013, com 70 anos de idade e 44 anos de serviços prestados.

3.O que tem feito desde que se aposentou, após a experiência como professor da UFRB?Eventualmente, tenho participado de eventos científicos (proferindo palestras) e realizado atividades de campo voltadas para a sustentabilidade ambiental (colaborador de meu filho, empresário que se dedica, entre outras atividades, à recuperação de áreas degradadas). Além disso, frequento academia de ginástica, leio, escrevo, e assisto a filmes e documentários interessantes; interesso-me pela situação política nacional e internacional. Porém, minha atividade principal atualmente é “curtir” a família sem esquecer de pôr o pé dentro da água do mar ensolarado…

4.Fale um pouco de sua experiência como escritor e sobre seus livros.Durante minha trajetória profissional, escrevi quatro livros técnicos relacionados com a física, manejo e a conservação dos solos agrícolas; um livro sobre a evolução histórica da Escola Agronômica da Bahia – quando se cogitou a criação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; e dois livros memoriais relacionado com a História & Estórias da minha turma de colegas da Universidade.

5.Você integrou a 1ª turma de Agronomia da UFBA. Quais são suas melhores lembranças daquele tempo?Na condição de estudante de graduação, vivenciei uma interessante fase de transição: ingressei e estudei em uma Escola estadual (vinculada à Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia), no período de 1965-1966, e conclui meus estudos nesta mesma Escola posteriormente vinculada à Universidade Federal da Bahia (UFBA), no período 1967-1968. A Escola abriga em seu campus alojamentos e refeitórios para estudantes carentes – exatamente o meu caso. Além do abrigo e refeição de qualidade três vezes ao dia, fui agraciado com um ensino de excelente qualidade! Foram quatro anos inesquecíveis de vida bem vivida, convivendo com excelentes mestres e cerca de duzentos colegas (64 integravam a minha turma), do primeiro ao quarto ano (naquela ocasião, o ensino era seriado). Tudo isso, na hospitaleira/acolhedora cidade de Cruz das Almas. Minha gratidão e amor pela Escola levaram-me a honrosa missão de lecionar naquele “Templo do Saber” … Para completar tamanha felicidade, fui agraciado com o honroso título de “Cidadão Cruz-Almense” …

6.Como foi sua experiência como diretor da Escola de Agronomia da UFBA? Que aspectos destacaria dessa experiência?Fui Diretor da Escola durante quatro anos (1992 -1996). Iniciei esta atividade administrativa com 49 anos de idade. Trata-se de um belo período de aprendizado e grandes desafios! Penso que o que melhor aconteceu naquele período foi o que se espera de uma instituição formadora de lideranças: um espaço para todos, independentemente de condições sociais, convicções políticas, religiosas etc.; uma Escola sem partido; sem ideologia de gênero; sem aparelhamentos; um espaço no qual a tolerância às divergências constitui-se em um de seus pilares fundamentais – diferentemente do que, lamentavelmente, se vê na atualidade!

7.Atualmente, o senhor é vizinho da presidente da ACEB, Marinalva Nunes. Essa proximidade também favoreceu sua aproximação com a Associação?A professora Marinalva Nunes – a quem muito admiro pela lealdade, inteligência, competência, espírito solidário, líder nata e incansável combatente em prol das causas de seus semelhantes -, é a grande responsável pela minha filiação à ACEB! Neste particular, ela é minha madrinha!