Projeto registra acúmulo de resíduos sólidos no litoral de Salvador

Sacolas de plástico, embalagens de produtos, sandálias de borracha, preservativos e até um carrinho de brinquedo, são parte dos itens que o Projeto Baleias Soteropolitanas (PBS) tem encontrado em alto mar, no litoral de Salvador, desde junho.

Sacolas de plástico, embalagens de produtos, sandálias de borracha, preservativos e até um carrinho de brinquedo, são parte dos itens que o Projeto Baleias Soteropolitanas (PBS) tem encontrado em alto mar, no litoral de Salvador, desde junho.”Desde que o primeiro cruzeiro de observação começou que a gente vem observando esses resíduos sólidos. Houve vezes que fizemos registros fotográficos de uma baleia e da fila de resíduos, tudo com uma diferença de segundos, a poucos metros de distância um do outro”, relatou o presidente do Redemarbrasil, responsável pelo PBS, William Freitas.

Segundo ele, caso uma baleia se alimente numa dessas áreas poluídas com resíduos, que em grande parte são plásticos (polímero sintético), ela pode ingerir e, em pior dos cenários, morrer. “Em 2019, uma cachalote foi encontrada morta na ilha de Harris, na Escócia. Ela tinha 100 kg de resíduos no estômago que ia desde redes de pesca, cordas, até sacos e copos de plástico”, revelou William.

De acordo com a coordenadora de empreendedorismo, ação social e meio ambiente da Associação Classista de Educação e Esporte da Bahia (ACEB), Anne Cristina Nogueira, os oceanos acabam sendo o destino final de grande parte dos resíduos gerados em terra e as consequências dessas atividades afetam todo o ecossistema.“Precisamos repensar nossas atividades, nosso consumo e o descarte de materiais nocivos à nossa saúde e à saúde do meio ambiente. É urgente a criação e implementação de políticas públicas no combate à poluição, seja ela de natureza orgânica, química e até mesmo sonora”, pontuou Anne.William Freitas também pontuou que a prática de descarte irregular de resíduos na natureza, como o plástico, por exemplo, não prejudica só a vida animal, mas aos humanos também. Neste caso, o plástico que é levado ao mar por chuvas e/ou rios ou descartado na faixa de areia, pode ocasionar no consumo (de seres humanos) do mesmo material descartado de forma errada.”O Atlas do Plástico revela que esse plástico, no oceano, por exemplo, volta para o ser humano como microplásticos. Os animais consomem o plástico que, por sua vez, são consumidos pelos seres humanos.

Já tem estudos que mostram a presença do microplástico no organismo de crianças”, alertou.De acordo com o Atlas do Plástico, publicado em novembro de 2020, o Brasil produz mais de 11 milhões de toneladas de lixo plástico, sendo o quarto maior do planeta. Ainda de acordo com William, em 2018, o programa ‘O mar não está para plástico’ retirou de quatro praias de Salvador cerca de 450 mil unidades (entre copos descartáveis, latas, etc) durante os meses de novembro, dezembro e janeiro.”São cerca de 12 unidades por metro quadrado. Em, 2019, esse número aumentou em 15%, mas em 2020, por causa do fechamento das praias, eu estimo que tenha tido um decréscimo de 50%”, revelou o presidente da Redemarbrasil.”Houve também um outro fator que antes não tinha. Segundo um estudo da CNN Brasil, houve um aumento de 120 bilhões de máscaras recolhidas do oceano, em todo o mundo.

Aqui em Salvador, eu estimo que foram encontradas mais de 300 unidades na faixa de areia e olhe que estavam fechadas por decreto municipal”, ponderou.A reportagem procurou a prefeitura para falar sobre o assunto, mas não houve resposta até a publicação desta matéria. Publicado originalmente por: https://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/noticias/2184942-projeto-registra-acumulo-de-residuos-solidos-no-litoral-de-salvador