O Feminino na Mitologia

Maria José Rocha Lima

Assisti a uma rica palestra sobre o Feminino na Mitologia, proferida pela filósofa Lúcia Helena Galvão, da Nova Ácropole, e decidi compartilhá-la com as mulheres, neste mês comemorativo do Dia Internacional da Mulher, e dedicá-la a uma mulher admirável, Maria de Fátima Oliveira Batista.  
Outras civilizações pensavam em um ideal feminino. Da mesma forma que se buscava uma casa ideal, carros de guerra e charretes ideais, um solo ideal para o cultivo de oliveiras, dever-se-ia buscar um ser humano ideal, um homem, uma mulher, com características ideais. Para os gregos, o ser humano não nasce pronto, por isso deve buscar a perfeição, inspirando-se em deusas e heroínas.

  
Na Grécia, por exemplo, o feminino e o masculino apresentam peculiaridades que são complementares. As peculiaridades não inferiorizam, mas se complementam. As diferenças não servem ao confronto, ao egoísmo, à objetificação, mas servem à harmonização. E no pensamento clássico as peculiaridades é que criam a beleza. “Não existiria som/Se não houvesse o silêncio/Não haveria luz/Se não fosse a escuridão/A vida é mesmo assim/ Dia e noite, não e sim”, diz o poeta.

  
Enquanto refletia sobre o feminino na mitologia e sobre o ideal feminino, recebi uma honrosa mensagem da amada Fátima Oliveira, que foi casada com o meu irmão José Antonio Rocha e é mãe dos meus amados sobrinhos Renan Oliveira Rocha e Ricardo Oliveira Rocha. Fátima foi uma competente executiva do Banco do Nordeste, uma mulher realizadora, para além dos atributos peculiares femininos, como mente voltada para o celeste, dons artísticos e empreendedorismo. Ela é sábia e prudente. Nasceu de uma mulher de muita fibra, Maria da Fé Oliveira Batista, carinhosamente chamada Fezinha. Dona Fezinha ficou viúva muito jovem, o seu marido era um músico que morreu aos 47 anos. Muito benquisto na sociedade, conquistou bolsas de estudos para todas as filhas em bom colégio. Fezinha cuidou e educou as seis filhas, com uma energia e criatividade extraordinárias. Entendia desde as coisas mais comezinhas até as de altas exigências.


Fátima lembrava que ela aprendera com o marido sobre eletricidade, costurava, cozinhava com sofisticação e aplicava regras simples para fazer bonito e demonstrar boas maneiras, no cotidiano. O resultado são seis filhas exemplares: Maria de Fátima Oliveira Batista, Maria dos Remédios Batista Monteiro, Maria do Socorro Oliveira Batista, Augusta Batista Lobão, Liduína Maria Oliveira Batista e Maria Goretty Batista Lobão, as cinco primeiraa nascida em Parnaíba/PI e a última em Campos Sales/CE, onde foi vereadora.

  
Conheci Fátima de perto, ela reúne as virtudes da sabedoria e prudência. No pensamento clássico, a prudência é considerada uma das quatro virtudes cardinais: prudência, justiça, fortaleza e temperança. A prudência é a principal virtude, porque se vale da razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para atingir objetivos. A prudência nos conduz às outras virtudes, indicando-nos as regras e as medidas certas, por isso é considerada a mãe de todas as virtudes.

 
Na mitologia grega, as mulheres que reúnem essas duas qualidades (Prudência e Poder) são filhas da deusa Atena. Atena é filha de Zeus, o mais poderoso do Olimpo, e de Métis, a deusa da prudência, das habilidades e dos ofícios, e pertenceu à geração dos Titãs. Foi pela inteligência astuciosa de Métis que Zeus pôde conquistar o poder, donde o significado de seu nome como a capacidade de prever todos os acontecimentos, a qualidade da sabedoria combinada com a astúcia. Ela representa a diplomacia, a ponderação, as soluções das questões com prudência, sem se chocar com os outros. Ao invés de esbarrar, ela apazigua, congrega, civiliza situações, que poderiam ser conflituosas. Esta qualidade altamente admirável foi considerada como uma das características notáveis do caráter ateniense. Em sua homenagem, uma das cidades-estados foi batizada de Atenas.
Fátima Oliveira, como a deusa Atena, é sábia e prudente, amante da civilização, criando na família, sempre, um ambiente civilizatório, suportando situações dolorosas com muita energia, sabedoria e prudência, sendo desse modo amada por todos nós e uma mulher vencedora.   

Maria José Rocha Lima é mestre em Educação. Foi deputada de 1991 a1999. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. Psicanalista, dirigente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Psicanálise- ABEPP. É do Clube Internacional das Soroptimistas Região Brasil/ Sudoeste/ Brasília.