Exaltada no hino do clube, a torcida do Bahia é, mais do que nunca, o principal patrimônio do clube. A “turma tricolor”, como diz o primeiro verso da música, é popular. E, sendo popular, abrange todas as classes, raças, gêneros e crenças. Pensando nisso, a diretoria resolveu abraçar de vez a sua torcida, que abraçou de volta e, juntos, estão querendo levar o Bahia a outro patamar. Sempre democrático e plural, assim como é o povo do Bahia.
Com ações de inclusão, lideradas pelo Núcleo de Ações Afirmativas, o Esporte Clube Bahia vai muito além do discurso. Planos de sócio popular, camiseta oficial por R$ 99, campanhas contra racismo, homofobia, machismo e intolerância religiosa são só alguns dos movimentos tomados pela diretoria do Bahia para alavancar o clube no cenário nacional. O atual presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, assumiu em dezembro de 2017 e logo no começo de 2018 criou o grupo responsável por discutir as ações que fortaleceram a identidade do Bahia como um clube popular.
“Nossa torcida é muito popular, muito diversa. Ricos, pobres, negros, brancos, gays, héteros, trans… Nossa torcida tem tudo. E a gente precisava de um processo de comunicação que fizesse a torcida se sentir integrada. O futebol é um ambiente muito masculino, muito preconceituoso, comumente é um canal de difusão de ódio. Uma série de circunstâncias que o ser-humano tem e aproveita o futebol para canalizar negativamente. A gente busca com o Núcleo de Ações Afirmativas justamente o contrário. Fazer com que essas pessoas não se sintam excluídas do dia a dia do futebol. Queremos que eles se sintam acolhidos e protegidos. Seja mulher, gay, negro, indígena”, disse o presidente Bellintani.
Composto por sócios, conselheiros e funcionários do clube, o Núcleo de Ações Afirmativas começa o debate sobre os temas que podem ser abordados pelo clube. Dependendo do assunto, a diretoria convida estudiosos e pessoas de movimentos sociais para o debate, como foi o caso das ações do Novembro Negro, em 2018, quando o clube homenageou diversos heróis negros da história do Brasil – como Dandara, Zumbi dos Palmares, Luísa Mahin e Marielle Franco – e chamou professores universitários e militantes de movimentos negros para os debates. O mesmo aconteceu em abril deste ano, quando o clube convidou pessoas do movimento indígena para promover as ações pela demarcação de terras indígenas.
Outra causa muito defendida pelo clube é a luta contra o machismo no futebol. Para isso, a diretoria conversou um grupo de torcedoras – as “Tricoloucas” – para promover ações dentro da Arena Fonte Nova e nas redes sociais do clube. No estádio, o clube criou a “Ronda Maria da Penha”, com panfletagem para conscientização contra o assédio sobre mulheres e, numa parceria com a Polícia Militar, aumentou o número de policiais femininas dentro da Arena.
“O Núcleo nasceu com esse propósito. Não lançamos nada só pela questão do marketing. Os temas são debatidos internamente, os nomes homenageados são pesquisados, tem todo um trabalho. Nós temos o nosso propósito”, ressaltou Bellintani.
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