Em apoio à paralisação nacional da educação, estudantes e professores baianos participaram de uma manifestação na manhã desta quarta-feira, 15, no centro de Salvador. Incialmente, os manifestantes se concentraram na Escola de Belas Artes da Ufba, de onde seguiram para o Campo Grande e, em seguida, caminharam com destino à Praça Castro Alves.
Além dos estudantes, professores de instituições públicas federais, estaduais e municipais também participam do ato público. A professora de ciências sociais, pedagogia, filosofia e psicologia da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Carla Liane, foi uma delas. Para ela, é importante que todos os professores participem para fortalecer a categoria. “Nós, professores, somos um muro que se ergue cada dia mais forte. A rede estadual está em greve por outros motivos, mas precisamos abraçar a categoria. Vamos batalhar para a reestruturação da nossa democracia e por uma educação de qualidade”, disse.
“A manifestação é importante para os estudantes mostrarem sua força. Não vamos deixar passar os cortes, estamos aqui para lutar e mobilizar a população”, comenta Lúcia Bahia, 18 anos, presidente da União Soteropolitana dos Estudantes Secundaristas (Uses).
A deputada Olívia Santana também esteve no protesto. “Fui estudante da Ufba e estamos aqui lutando pelos quilombolas, indígenas, pobres e LGBT+ que precisam estar nas universidades e nos locais de poder. Este presidente é das trevas e do obscurantismo, mas somos representantes da ciência aberta e democrática”, comenta.
O diretor de combate ao racismo da União Nacional Estudantes (UNE), Elder Reis, analisa o cenário atual. “Estamos lidando com um governo que pretende sucatear a educação, ter uma sociedade que não seja capaz de lutar. Mas não vamos permitir isso”.
Quando questionado sobre o motivo de se esperar cinco meses para uma mobilização, ocorrendo apenas depois da confirmação dos cortes, Elder salienta que é necessário uma organização e os cortes foram o ápice para levar as pessoas para a rua. “Fomos para as ruas nas eleições de 2018 e mostramos nossa vez. Estávamos em um processo de organização que precisou ser antecipado. Por isso viemos à luta agora e vamos ocupar todo o país”, destaca.
Sob o som de “É ou não é piada de salão? Tem dinheiro pra Queiroz mas não tem pra educação” os manifestantes seguiram para a Praça Castro Alves. “Como mãe e professora afirmo que seremos resistência. Os cortes anunciados são uma tentativa de desmonte da educação, mas não vamos permitir. Vamos continuar lutando para ensinar com qualidade e que nossos filhos tenham uma educação de qualidade também. Não será um governo de abutres que vai destruir todo um trabalho feito por gestões passadas. Não vamos permitir”, disse a coordenadora pedagógica do Colégio Municipal Sociedade Thomé de Souza.
Atividades ocupam estudantes na UFBA
No pátio da Escola Politécnica da UFBA, na Federação, de longe era possível ver faixas com frases de manifesto em destaque, deixando evidente que grande parte dos estudantes da instituição não estão satisfeitos com a situação proposta pelo governo Bolsonaro, por isso, muitos estavam na manifestação realizada no Campo Grande, na manhã desta quarta. Mas não foi todo o alunado que conseguiu estar presente.
O estudante de engenharia mecânica, Guilherme Amorim, 22 anos, estava no campus pronto para realizar uma prova marcada por um dos seus professores. O aluno estava insatisfeito por ter que ir à faculdade exatamente no dia em que colegas e demais professores estavam juntos em um outro espaço para manifestar. “Eu gostaria de estar lá, junto aos meus amigos. Mas em compensação eu vim com minha camisa em forma de protesto”, afirmou Guilherme que vestia uma camisa na cor vermelha estampando a frase “por uma engenharia popular e solidária”.
O grande ato desta quarta, para alguns professores, pode significar uma possível greve geral de todas as categorias, a qual está prevista para 14 de junho. A ideia faz parte de uma proposta feita pela Central Única dos Trabalhadores do Brasil (CUT) em apoio à causa dos profissionais e alunos da educação do país e em protesto à reforma trabalhista.
Publicado originalmente no site www.atarde.uol.com.br