A Secretaria da Educação do Estado da Bahia está desenvolvendo um projeto voltado para a requalificação e a preservação de escolas estaduais localizadas em áreas históricas de Salvador e que representam um patrimônio arquitetônico, cultural e histórico da cidade. Nesta perspectiva, a Secretaria promoveu uma vistoria, no último sábado (16), nos Colégios Estaduais Ypiranga, Estadual da Bahia (Central) e Azevedo Fernandes. A atividade foi coordenada pelo subsecretário da Educação do Estado, Danilo Souza.
O subsecretário falou que o projeto visa a valorização patrimonial e, principalmente, o fomento de iniciativas voltadas ao ensino e a aprendizagem dos estudantes. Ele destacou com uma parceria já está sendo viabilizada com o BBA Itaú, a pedido da própria instituição que apoia ideias inovadoras e de empreendedorismo junto à escolarização. “Vamos fazer uma proposta para ao BB Itaú a partir dessas unidades escolares que estamos visitando, entre outras, e a ideia é valorizar o patrimônio histórico e, no caso do Colégio Ypiranga, a memória de Castro Alves e de outras personalidades que aqui passaram, como Jorge Amado, Dias Gomes e Raul Seixas. A ideia é fazermos daqui uma escola que possa articular a questão do empreendedorismo focado no turismo patrimonial, a partir de salas temáticas que possam ser um ponto de visitação da comunidade local e de turistas. Esta é a estratégia, que será discutida com a comunidade escolar e com as famílias, para este e outros espaços escolares”.
No Colégio Estadual Ypiranga, localizado no bairro 2 de Julho, intervenções já estão previstas para a área física. O prédio, que é tombado e já foi residência do poeta Castro Alves, deverá sofrer, inicialmente, intervenções na parte elétrica e hidráulica, bem como substituição de mobiliário, restaurando, assim, o que foi desgastado pelo tempo. Fundado em 1992, o colégio tem 166 estudantes matriculados e oferece ensino nas modalidades Fundamental e Médio em Tempo Integral.
A diretora do Ypiranga, Rosa do Amparo, falou sobre a importância da revitalização da unidade. “Além de proporcionar um melhor espaço de aprendizagem para os nossos estudantes, o projeto proposto irá valorizar a cultura desta casa de tão grande significado patrimonial. Portanto, revitalizar uma escola que está no Centro Histórico de Salvador é valorizar a nossa cultura e a Educação da Bahia”.
A diretora do Colégio Central, Rosenilda Mesquita, também falou sobre as expectativas de requalificação da unidade escolar. “Uma proposta de requalificar uma escola desta importância para a sociedade baiana é de extremo valor”, destacou.
Patrimônio
Fundado em 1837, o Central foi o primeiro colégio de Ensino Médio da Bahia. Além da beleza arquitetônica, ele abriga preciosidades como um acervo composto por mais de seis mil volumes na sua Biblioteca Histórica. Fazem parte do acervo obras raras como ‘Flora Brasiliensis’, de 1840, editada pelos botânicos alemães Carl Friedrich Philipp Von Martius, August Wilhelm Eichler e Ignatz Urban. A publicação é a principal referência dos pesquisadores no estudo da flora brasileira, especialmente na Floresta Amazônica. Também integram volumes da ‘História da Colonização Portuguesa no Brasil’, de 1921, de Carlos Malheiros Dias, e escritos de Machado de Assis e Ruy Barbosa, entre outras obras. São documentos e livros que formaram nomes como Milton Santos, João Ubaldo Ribeiro, Carlos Marighella e Glauber Rocha.
Publicado originalmente no site www.consed.org.br