Retrospectiva 2018: Mudanças na Educação

Educação alimentar e nutricional no currículo escolar

Sem dúvidas, a alimentação é uma grande preocupação quando o assunto é saúde. Na retrospectiva 2018, podemos destacar a inclusão do tema na base curricular dos ensino fundamental e médio. No primeiro, na disciplina de ciências, no segundo, o tema será abordado na matéria de biologia.
A mudança foi estabelecida pela lei 13.666/2018, publicada no dia 17 de maio de 2018. Via de regra, a mudança deve ser aplicada em até 180 dias após a sanção do projeto.
Com o intuito de diminuir os índices de obesidade em crianças, além de fornecer informações sobre alimentação saudável desde cedo, a criação dessa lei foi comemorada por muitos nutricionistas e demais profissionais da saúde.
O tema é de grande importância para ser debatido nas escolas, já que vivemos um período em que há desinformação por parte dos adultos. Sem contar que hábitos alimentares inadequados reforçam nas crianças e adolescentes uma dieta pouco nutritiva, podendo ocasionar graves problemas de saúde.

Arquivamento do projeto Escola Sem Partido

Não há como negar que o projeto Escola Sem Partido é um dos mais polêmicos da retrospectiva 2018, tramitando no congresso desde o ano de 2014.
Ao longo de todos esses anos, o projeto passou por uma série de alterações. Ele consiste em uma iniciativa que busca restringir discursos de opinião política, religiosa, ideológica e de gênero nas salas de aula.
Diante das dificuldades do congresso em chegar a um consenso na última reunião, realizada em dezembro de 2018, optou-se pelo arquivamento do projeto.
Ainda assim, os autores do Escola Sem Partido ou dos outros dez projetos anexados a ele podem solicitar o desarquivamento, de modo que a tramitação inicie novamente do estágio zero.

Mudanças no Sistema de Avaliação da Educação Básica

O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é um método anteriormente utilizado para medir a qualidade de ensino nos níveis fundamental e médio. Contudo, algumas mudanças anunciadas em junho de 2018 passam a incluir nas avaliações, pela primeira vez, a Educação Infantil.
Diferente das etapas de Ensino Fundamental e Médio, a Educação Infantil será avaliada a partir da aplicação de testes aos professores. Isso permitirá obter índices de qualidade desde as creches até a conclusão do Ensino Médio.
A medida surge em consequência da aprovação da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) como uma das estratégias para melhorar o ensino público no Brasil e deve entrar em vigor somente em 2019.

Ensino a distância parcial para o ensino médio

O Ensino a distância (EAD) já é bastante conhecido quando se trata de educação em nível superior. Atualmente, as estatísticas apontam que as matrículas EAD representam mais de 20% do total neste nível de ensino.
A mudança estabelecida no ano de 2018 é que o ensino a distância passa a valer também para o ensino médio. No final do ano, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou a possibilidade de se cursar até 80% da carga horária a distância.
Tal porcentagem varia de acordo com o período e o tipo de ensino médio a ser cursado. A taxa 80% se refere à EJA (Educação de Jovens e Adultos), enquanto o ensino médio regular nos períodos diurno e noturno é limitado a 20% e 30%, respectivamente.
A educação a distância deve ser aplicada sobre o conteúdo diferenciado previsto na reforma da Base Nacional Comum Curricular, dado que o ensino EaD é uma consequência a aprovação dessa reforma.

Brasil fica em último lugar no ranking de status de professores

A Varkey Fondation é uma entidade internacional, com sede em Londres, que realiza pesquisas voltadas para melhorias na educação global. Em novembro de 2018, a instituição divulgou seu ranking internacional de prestígio dos professores e o resultado não foi nada positivo para o Brasil.
Basicamente, o ranking analisa parâmetros de valorização dos professores em cada país. A pesquisa foi realizada em 35 países e mostra que houve uma queda ainda maior quando comparados os resultados em relação ao ano de 2013, em que ocupávamos a penúltima posição.
Os motivos da pouca valorização docente no país são o modelo educacional obsoleto, juntamente com a má formação dos professores, baixa remuneração e a desigualdade econômica existente.
Vale destacar que rankings como esse trazem à tona os motivos do desinteresse pela profissão e pela área acadêmica em geral. Pesquisas como essa devem servir de alarme para os poderes públicos em suas próximas iniciativas.

Indicado novo Ministro da Educação para 2019

Como consequência das eleições para presidente e da vitória de Jair Bolsonaro, podemos destacar na retrospectiva 2018 a indicação de um novo Ministro da Educação para seu mandato.
O escolhido para o cargo foi Ricardo Vélez Rodriguez, colombiano naturalizado brasileiro. É filósofo e professor emérito da Escola de Comando e estado Maior do Exército.
Em pouco tempo, o professor já fez declarações a respeito de seu posicionamento sobre a educação brasileira. Entre elas estão as críticas a respeito do modo de avaliação do ENEM e a iniciativa por priorizar o ensino básico no Brasil.
Além disso, o ministro afirma ser necessário realizar mudanças que proporcionem maior qualificação profissional e fortalecimento da identidade nacional, uma das bandeiras do presidente eleito.

Aumento dos investimentos na educação infantil brasileira

Essa é uma medida concretizada no governo de transição e que está alinhada às políticas do Ministro da Educação indicado para o ano de 2019.
O aumento dos investimentos na educação infantil é determinado por uma tabela que contem todos os níveis do ensino básico. Pela primeira vez, nos últimos quatro anos, a tabela determina alterações positivas, nas quais o foco será no ensino infantil.
Ele terá 20% de aumento na verba, sendo 15% para as creches e 5% para pré-escola. Como a responsabilidade desta etapa da educação fica por conta do poder municipal, a proposta é de que meio bilhão de reais sejam redistribuídos aos municípios.
Há uma evidente crise na educação brasileira, constatada pela incapacidade de gerir com qualidade todo o sistema público de ensino. Medidas direcionadas à educação infantil têm como objetivo traçar uma nova perspectiva para o ensino no país.

Aprovada a nova Base Nacional Curricular Comum

A Base Nacional Curricular Comum, também chamada de BNCC, é uma documentação que altera as prioridades e exigências do ensino básico no Brasil.
Entre as medidas estabelecidas pela BNCC, estão a alfabetização antecipada e inclusão de Idioma Estrangeiro na Educação Infantil e Ensino Fundamental, além da obrigatoriedade apenas das disciplinas Português e Matemática no Ensino Médio.
Como argumentos utilizados para a reforma, podem ser utilizados os dados do Saeb (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) que indicam problemas como nível insuficiente em português e matemática e analfabetismo funcional.
Partindo do pressuposto de que essas sejam as disciplinas básicas que possibilitam a qualificação profissional e o ingresso no mercado de trabalho, a BNCC as considera como prioridade principalmente para o Ensino Médio, cujos resultados permanecem estagnados desde os exames realizados em 2009.
A BNCC tornou-se realidade a partir da aprovação do projeto e sua homologação, realizada em dezembro de 2018 em votação na Câmara. Há perspectiva de que ela seja implementada em todas as escolas do país até o ano de 2022.

Malala Yousafzai vem ao Brasil pela primeira vez

A paquistanesa Malala Yousafzai foi a personalidade mais nova a receber um Prêmio Nobel da Paz, com apenas 17 anos de idade, em 2014. Hoje Malala é um símbolo da luta pelo direito à educação de meninas pelo mundo.
Em julho de 2018, esteve no Brasil pela primeira vez, levantando o debate sobre as desigualdades de gênero na sociedade brasileira e fortalecendo movimentos e trabalhos já realizados.
Durante sua visita, a jovem realizou declarações nas quais confirma iniciativas de integração de líderes feministas do Brasil em seus projetos, além de se comprometer a focar nos projetos voltados para o Nordeste do país com a iniciativa da Fundação Malala.
Vale destacar que não se trata apenas de um projeto em prol da igualdade de gênero, mas, acima disso, de uma integração pela melhoria da educação brasileira, visto que há em jogo investimentos de uma instituição global. A Fundação Malala também apoia projetos em países da África e da Ásia.

Cada uma das medidas mencionadas na retrospectiva 2018 é importante para o desenvolvimento de uma educação de qualidade e que proporcione conhecimento e oportunidades para todos, um processo que não pode parar.

Publicado originalmente no site Via Carreira